1 – A
Antropologia oferece ferramentas teóricas para o trabalho pratico missionário
A Antropologia Missionária traz instrumentos dos
conhecimentos, conceitos, teorias e hipóteses da moderna antropologia para a
prática missionária, ela pesquisa o estudo da humanidade na música, literatura,
filosofia, economia, história, geografia religião, comunicação, letras e nas
relações inter-pessoais. Por fim, analisa estas matérias e se pergunta como
elas se desenvolveram se modificaram e qual o seu significado para a
comunicação do evangelho para o povo-alvo.
Paul Hiebert, missionário, professor de
antropologia, autor de vários livros sobre antropologia missionária e
considerado o principal antropólogo cristão da atualidade, ao ser indagado
sobre a importância da antropologia para a obra missionária, responde:
2 – A antropologia visa apresentar os
aspectos-chave da cultura ao missionário
Antes de um missionário (principalmente o pioneiro)
ir para uma cultura diferente da sua é importante que ele estude, conheça e
interaja com essa cultura. Pois fazendo isso ele poderá se prevenir de atos que
poderiam ofender profundamente mesmo sem querer e que poderia ter sido
facilmente evitado. Nesta preparação inicial ele vai conhecer melhor os
sentimentos do povo sobre as diversas composições de seu meio.
O ministério do Apóstolo Paulo ilustra isso ao
reconhecer Epimênides (profeta cretense não-cristão) como um verdadeiro profeta
para embasar um julgamento dele sobre o povo. Estudos revelam que Aristóteles,
Platão e Cícero também o consideravam profeta. Isso indica que Paulo conhecia
bem a cultura dos cretenses. Conhecer costumes e tradições é crucial da
estratégia missionária.
3 – O estudo antropológico visa preparar o
missionário para a adaptação cultural
A antropologia missionária tem contribuído com as
missões na medida que tem mostrado aos missionários a maneira como devem se
comportar dentro do contexto próprio do povo. Como já foi dito, a geografia, a
história, a estrutura econômica, suas artes existem de maneira a preservar a
existência da comunidade. Portanto é um crime contra a cultura o missionário
chegar com os valores de onde veio e querer imprimir sobre o povo ao qual foi
enviado. Antes pelo contrário, ele deve se adaptar ao seu modo cultural desde
que não conflituem com o evangelho.
É importante que ele reconheça a diferença da
cultura, e a partir desse reconhecimento, ele se comporte semelhantemente à
maneira cultural corrente. É como se um missionário fizesse duas malas para a
viagem: uma para usar e outra para não usar. Na primeira é importante que ele
coloque o básico para viver dignamente os seus primeiros dias ali (até atribuir
a forma própria do povo). Na segunda ele deveria colocar todos os seus
pré-julgamentos culturais e a cultura que aprendeu para não utilizar. Se ele
não fizer essas duas malas, a sua missão poderá encontrar grande dificuldade. Portanto
a antropologia tem como interesse poder amenizar o impacto dos possíveis
choques culturais vivenciado pelas famílias missionárias.
4 – O missionário não deve aceitar os fatores
culturais que são contrários ao Evangelho
O missionário no exercício do seu ministério ao
expor o evangelho de Cristo inevitavelmente encontrar-se-á em um conflito,
tendo em vista as doutrinas demoníacas do povo. Nesse momento, ele precisará
batalhar fielmente pelo evangelho de Cristo, e não poderá aceitar nenhum tipo
de sincretismo. A sã doutrina deve ser defendida com todo o entendimento e
todas as forças que o missionário tiver. Como bem disse Judas, uma das colunas
da Igreja Primitiva de Jerusalém: “exorto-vos a batalhardes diligentemente pela
fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Na pregação do evangelho de Cristo
não poderá haver nem um acréscimo e nem um suprimento.
Sobre este aspecto da cultural na evangelização, O
pacto de Lousanne afirmou o seguinte:
“O desenvolvimento de estratégias para a
evangelização mundial requer metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus,
o resultado será o surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e
estreitamente relacionadas à cultura local. A cultura deve sempre ser julgada e
provada pelas Escrituras. Uma vez que o ser humano é criatura de Deus, parte de
sua cultura é rica em beleza e bondade. Pelo fato de o ser humano ter caído,
toda a sua cultura (usos e costumes) está manchada pelo pecado e parte dela é
de inspiração demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade uma cultura
sobre outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e
justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, qualquer que seja
a cultura em questão. As organizações missionárias muitas vezes tem exportado,
juntamente com o evangelho, a cultura de seu pais de origem, e tem acontecido
de igrejas ficarem submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de
às Escrituras. Os evangelistas de Cristo, devem, humildemente, procurar
esvaziar-se de tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fim de se tornarem
servos dos outros. As igrejas devem se empenhar em enriquecer e transformar a
cultura local, tudo para a gloria de Deus” (Mc 7.8,,13; Gn 4.21,22; 1 Co
9.19-23;Fp 2.5-7;2 Co 4.5) (REIFLER, Hans Ulrich. Antropologia missionária para
o século XXI. Londrina: Descoberta Editora LTDA, 2003, pag 55)
5 – A Antropologia Missionária pretende preparar o
missionário para contextualizar a mensagem
Numa entrevista a um blogger, Paul Hiebert, um dos
maiores antropólogo missionário, respondeu sobre as vantagens e o perigo da
contextualização da mensagem:“O perigo da contextualização é quando colocamos a
mensagem na língua local e na cultura do povo, porque a língua e a cultura do
povo podem destruir, mudar a mensagem, ou afastá-la da verdade. Se não tivermos
cuidado, o Evangelho pode ser convertido à cultura. Mas há um perigo em não
contextualizar; não teremos testemunha, nem mensagem, nem evangelismo. Em ambas
as partes há perigo, mas o perigo de não contextualizar é maior do que o perigo
de contextualizar. Nós precisamos contextualizar criticamente, pensando e
sabendo o que estamos fazendo, não só adotar tudo ou rejeitar tudo, mas fazer
isso com critério”. ( http://www.missaoavante.org.br/)
6– A Antropologia Missionária pretende auxiliar o
missionário na busca pelos elos eternos de Deus nas culturas para uma pregação
eficaz (Fator Melquisedeque)
O missionário e missiólogo Don Richardson, nos seus
livros “Senhores da Terra”, “Totem da Paz” e principalmente no “Fator
Melquisedeque”, explicou muito bem sobre o que ele mesmo define como “Fator
Melquisedeque”. Nestes, ele descreve experiências vividas pessoalmente e por
outros missionários em campos de missões narrando também aspectos culturais dos
povos com os quais houve contato.
Segundo Richardson, todo povo possui em sua cultura
um elo de contato preparado por Deus para receber a mensagem do Evangelho.
Portanto quando a testemunha de Cristo alcança uma determinada cultura, através
desse elo o contato com a Mensagem cristã pode ser feito.
No livro “Fator Melquisedeque”, Richardson dá
exemplo de vários povos com seus elos de contato. Os Cananeus com seu E1 Elyon,
os Incas com seu Viracocha, os Santal com seu Thakur Jiu, os Gedeos da Etiópia
com seu Magano, os Mbaka da República Centro-Africano com seu Koro, os Chineses
com o Senhor do Céu - Shang Ti e os Coreanos com seu Hananim. Em todos os
exemplos há noções de um Deus Criador e Sustentados do Universo que há muito
tempo tinha sido adorado e obedecido, mas que com o passar dos anos foi deixado
de lado.
É justamente no exemplo dos Cananeus e o contato de
Abraão com o rei Melquisedeque que temos uma evidência de que Deus age através
de uma revelação geral entre os povos. Abraão reconhece o sacerdócio de
Melquisedeque e lhe oferece o dizimo. Da mesma forma, diz Richardson, temos nos
demais exemplos citados, claras provas de revelação geral como testemunho vivo
de Deus nas mais diversas culturas.
Sobre a contribuição da Antropologia
Missionária para missões, e o comportamento inicial do missionário no campo,
Hans Ulrich Reifler diz que:
“A tarefa da antropologia missionária é permitir
que o processo de conscientização e respeito mútuo entre os povos e cultura
cresça na vida missionário como entre crentes no mundo inteiro. É importante
respeitar os costumes , tradições e hábitos diferentes para evitar erros
irreparáveis. Para o diálogo efetivo do evangelho é necessário aceitar, em
principio, a estranheza da nova cultura e não questionar nem criticar logo
coisas que ainda não compreendemos. O antropólogo R.A. Le Vine argumenta que,
quando o individuo se locomove para um novo lugar onde reinam costumes
estranhos ou novos, ele precisa adaptar-se ou será estigmatizado pela sociedade
local”. (REIFLER, Hans Ulrich. Antropologia missionária para o século XXI.
Londrina: Descoberta Editora LTDA, 2003 166 pag.)
Fonte:
Perspectivas e Meditações
via http://www.basemissionaria.com.br
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